Para os especialistas em chá que buscam uma experiência enriquecedora e imersiva no mundo do chá, como a Rota do Chá no Brasil, a Ilha da São Miguel, a maior ilha do arquipélago dos Açores, em Portugal, é conhecida pela paisagem vulcânica, pela flora e pela vida marinha incrível, é um destino que certamente merece ser explorado! E você sabia que por lá encontramos Chá!?

Com uma rica história e um cenário vibrante, as plantações Camellia sinensis, da Ilha de São Miguel oferecem uma jornada inesquecível para os amantes dessa planta milenar.

chá em portugal gorreana
Plantação da Fábrica Gorreana

Contexto Histórico – Uma História de Determinação e Sucesso.

Há algumas versões sobre a história de como o cultivo de chá foi iniciado na Ilha. Uma delas, remonta ao século XIX, quando o inglês Charles Powel desembarcou na ilha com a missão audaciosa de introduzir o cultivo da Camellia sinensis, a planta do chá. Seu objetivo era diversificar a economia local, que na época enfrentava desafios no comércio do vinho.

Há, ainda, uma segunda versão onde, curiosamente, foi um senhor chamado Jacinto Leite que trouxe sementes vindas do Brasil e iniciou a cultura por volta de 1820 semeando-as em sua propriedade nas Calhetas, na Ribeira Grande. E que na época, a praga que atingiu as largas plantações de laranja na Ilha de São Miguel deixou que o chá fosse uma das saídas que os agricultores e empresários encontraram para prosperar nas terras micaelenses.

A ajuda veio da China

No entanto, os agricultores da ilha não sabiam como processar as folhas de chá! Por isso, por meio da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense, contratou-se diretamente de Macau, na China, dois especialistas: Lau-a-Pan, mestre de chá e seu auxiliar Lau-a-Teng, que chegaram a São Miguel a 5 de Março de 1878, com a missão de repassar as técnicas tradicionais de cultivo processamento da Camellia sinensis.

Lau-a-Pan, mestre de chá e seu auxiliar Lau-a-Teng
Lau-a-Pan, mestre de chá e seu auxiliar Lau-a-Teng

A queda do chá na Ilha de São Miguel

No início do século XX, observou-se o aparecimento de mais novas fábricas, bem como a modernização daquelas já existentes. No entanto, o protecionismo do país entre outros fatores, deu início ao sucessivo encerramento das fábricas na ilha, destas, apenas com uma única fábrica sobrevivente, a Chá Gorrenana e ainda no final do mesmo século, o ressurgimento de uma segunda fábrica, a Chá Porto Formoso.

Características do chá de Portugal

As plantas de chá eram predominantemente Camellia sinensis var. sinensis, ou seja, variedade chinesa. Sua colheita inicia em meados do mês de abril e termina em setembro, época em que a planta apresenta boas condições de temperatura e umidade para seu desenvolvimento e descanso.

As sementes são normalmente colhidas entre os meses de outubro a dezembro, em plantas destinadas à colheita de folha que apresentam bom rendimento na safra anterior.

Já, a introdução da variedade de chá Camellia sinensis var. assamica deu-se em 1985, pelo Serviço de Desenvolvimento Agrícola de São Miguel, que adquiriu as sementes na Estação Experimental do Chá na África Central, no Malawi. Os viveiros estão instalados nos terrenos do Posto Agrícola da Ribeira Grande, situado na estrada regional da Ribeirinha.

Na fábrica de Chá Gorreana, por exemplo, cada planta vive cerca de 90 anos, sendo necessário esperar os 6 primeiros para fazer a colheita inicial e por lá, não é mais necessário realizar o plantio manual, as sementes se espalham pela plantação e realizam seu trabalho.

Cenário Atual – O Esplendor das Plantações de Chá

Hoje, as plantações de chá na Ilha de São Miguel continuam a encantar os amantes de chá com sua produção singular e aromas cativantes. A Ilha, nos Açores, é uma das poucas regiões da Europa onde o chá é cultivado, tornando a visita a essas plantações uma experiência rara e valiosa.

Ao visitar as plantações, os especialistas em chá têm a oportunidade de testemunhar em primeira mão o cuidado dedicado ao cultivo das folhas de chá. A colheita é realizada manualmente, preservando a qualidade e o sabor distintivo dos chás madeirenses. Os visitantes também podem explorar os jardins, conhecer os produtores locais e compartilhar conhecimentos com os especialistas em chá da região.

A história da Fábrica Chá Gorreana

A existência da fábrica é 1883. Ali, iniciaram-se as primeiras plantações de chá, em 1883, com a Sra. Ermelinda Gago da Câmara e o filho José Honorato.

Da fábrica, chás que tem sido cada vez mais reconhecidos internacionalmente pelo seu legado, cultivo e comercialização de chás de primeira qualidade. Plantado a centenas de quilómetros da poluição industrial, nas vastas montanhas onde fica a propriedade, o chá Gorreana não é sujeito a qualquer uso de herbicidas, pesticidas, fungicidas, corantes ou conservantes sendo todos os chás ali produzidos e cultivados, 100% orgânicos.

Atualmente, sob a orientação das irmãs Madalena Hintze Motta e Sara Hintze Motta – a sétima geração da família, as plantações da Gorreana cobrem uma área de 32 hectares, de onde se produz cerca de 40 toneladas por ano. Uma pequena parte da produção é destinada ao mercado açoriano sendo que a restante é exportada para muitos países como Portugal Continental, Alemanha, EUA, Canadá, Áustria, França, Itália, Brasil, Angola, Japão, entre muitos outros países que valorizam acima de tudo a qualidade e singularidade dos chás.

Fábrica Gorreana, fonte Byacores.

A história da fábrica Chá Porto Formoso

A fábrica Chá Porto Formoso funcionou entre os anos 20 e 80, fechando suas portas. Em 2001, seus atuais proprietários reabriram uma fábrica considerada de interesse para o Património Industrial da Região, cultivando e processando chás pretos com plantas de variedade chinesa, oferecendo ao mercado nas opções Orange Pekoe, Pekoe, Broken Leaf e um blend, o Azores Home Blend.

Chazais Chá Porto Formoso, fonte: LUSA.

Uma Jornada de Descobertas e Troca de Experiências

Para os especialistas em chá do Brasil, a viagem à Ilha de São Miguel é uma oportunidade ímpar de conhecer a diversidade de chás produzidos na região, que vão desde delicadas variedades de chás verdes a chás pretos mais encorpados e aromáticos.

Além disso, a visita permitirá a imersão na rica cultura do chá madeirense, onde os conhecimentos tradicionais são passados de geração em geração. As técnicas de preparo e degustação, os segredos da colheita e os saberes ancestrais são compartilhados em uma troca enriquecedora entre os especialistas em chá da ilha e os visitantes.

Uma Experiência Memorável para Especialistas em Chá

Com suas plantações de chá pitorescas e história fascinante, convida os especialistas em chá do Brasil a embarcarem em uma jornada de descobertas sensoriais e culturais. Com uma produção de chá única na Europa, Açores é um destino imperdível para aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos sobre essa nobre infusão.

Ao percorrer as colinas verdejantes das plantações de chá, os especialistas em chá terão a oportunidade de experimentar a essência de uma tradição que se mantém viva e pulsante. A hospitalidade calorosa dos produtores locais e a atmosfera acolhedora da ilha tornam essa viagem uma experiência verdadeiramente memorável e enriquecedora.

Portanto, prepara a sua xícara de chá, desbrave novos sabores e aroma, e deixe-se levar pela magia das plantações, fábrica, história e degustações. Esta é uma viagem que enriquecerá seu conhecimento e nutrirá sua paixão pelo chá, levando você a um novo patamar de apreciação dessa arte milenar, vamos juntos?

Com carinho, Renata Acácia.