Chá no Sítio Shimada desde 1924

Localizado em Registro, a capital do chá no Brasil e pertencente ao Vale do Ribeira, o sítio da família Shimada é cenário de uma agricultura familiar e 100% orgânica. Na propriedade, além dos pés de lichia plantados há mais de 25 anos, uma fruta de origem chinesa altamente valorizada, é também cultivada, desde 1924, a Camellia sinensis, a planta do chá.

Como característica da região do Vale do Ribeira, os chazais possuem em sua grande maioria, predominância da variedade assamica, indiana, trazida há alguns anos por Torazo Okamoto. Folhas fortes, de um verde escuro e muito aromáticas, os pés de chá do Sítio Shimada tem troncos grossos e cor vistosa.

chazal sitio shimada registro vale do ribeira
Chazal orgânico Sítio Shimada. Imagem Renata Acácia.

Dona Ume Shimada

Seus pais, Katsume Sugano e Kikuno Sugano, desembarcaram no Brasil em 1913 para trabalhar no país com café, e logo em 1927 nascia dona Ume Shimada, na própria capital do chá, em Registro. Sendo a filha mais nova, presenciou ainda o cultivo de algumas culturas no sítio, e quando criança, viu seu pai cuidando das plantas de chá.

Foi quando na década de 30, a região do Vale do Ribeira chegou a ter aproximadamente 5.000 mil hectares de cultivo, 600 produtores de chá e mais de 40 indústrias, os chás do sítio foram comercializados in natura que que é quando o chá ainda não recebeu o processamento, para o beneficiamento final em grandes empresas, como Chábrás e Amaya.

ume shimada teresinha shimada chazal
Dona Ume Shimada e sua filha, Teresinha Shimada no chazal da família. Imagem site Shimada.


Fim das exportações de Chá no Vale do Ribeira


No entanto, diante do cenário na década de 90, as exportações de chá dos produtores da região, que correspondiam a mais de 90% da produção interna, findou. E, sem nenhuma perspectiva de vendas para o mercado interno, a família, que chegou a ter uma pequena produção familiar iniciada sob a marca Chá Oriente, que exportava para a Argentina e o Uruguai, pausou tudo o que dizia respeito a esta cultura, arrendando o sítio como um todo.

2014, o chá da Obaatian

No ano de 2004, após o falecimento de seus pais, casamento, mudança de cidade e nascimento dos filhos, dona Ume retornou para o sítio e retomou os cuidados com os pés de chá que estavam intactos e precisavam ser limpos e recuperados.

Mas foi no ano de 2014 que o sítio da família Shimada inaugurou sua Fábrica Artesanal de Chá Preto, com auxílio de Sr. Tomio Makiuchi que adaptou equipamentos antigos encontrados no ferro-velho.

Dona Ume, então, reativou a plantação e consequente produção dos chás, participando ativamente de todas as etapas e decisões. Nesse momento, erguia em sua propriedade uma valiosa estrutura: por ali passam os brotos, primeira e segunda folha de chá, que, somados às lichias presentes em sua propriedade produz chás que trazem consigo características únicas e inconfundíveis.

colheita imperial sitio shimada broto e duas folhas camellia sinensis cha
Colheita manual do Sítio Shimada, broto e duas folhas de Camellia sinensis. Imagem Renata Acácia.


Chás especiais Sítio Shimada

O processo utilizado na fábrica é ortodoxo, que até este ano, 2021, conta com novos produtos além do chá preto, como o recém lançados, chá verde e chá branco composto somente de brotos, tipo silver needles, um chá branco mundialmente conhecido, chinês.

O método ortodoxo, apresenta folhas inteiras e processamento semi-artesanal, utilizando o auxílio de maquinário. Os chás, desde 2020, receberam o certificado de orgânico do Brasil, sem dúvida um diferencial para a marca.

Hoje com 94 anos, junto de Teresinha, sua filha mais nova e mestra de chás do sítio e Leo, companheiro de Teresinha que cuida de todo o manejo, sendo engenheiro agrônomo, a marca antes chamada de chá da Obaatian agora se tornou Chás Especiais do Sítio Shimada, pois assim, podem abarcar também os demais produtos do Sítio como a Lichia (são aproximadamente 600 pés).

familia shimada
Teresinha Shimada, Kaito e Hisa com a mãe, Samira Emy e Leo, companheiro de Teresinha. Imagem Shimada.



O trabalho é todo em família, desde a colheita até o beneficiamento e a comercialização, sorte a nossa, como consumidores.

Conheça mais sobre a família durante a ROTA DO CHÁ clicando aqui.